Retoma de atividade tarda para os DJ portugueses devido à pandemia

Um ano depois do início da pandemia, não há data para para o regresso ao trabalho para os profissionais de música. 

Para A Boy Named Sue, nome artístico para o DJ Tiago André "os primeiros meses foram muito complicados porque não se podia trabalhar. Depois, de repente, tudo abriu, no verão passado, e fez-se versão DJ restaurante, DJ esplanada. Os 'cachets' passaram para um terço, mas eu percebo que os donos tinham uma lotação e horário limitados e não faturavam o suficiente para pagar o que pagavam antes" no entanto "mesmo sem ganhar muito dinheiro, é isto que sei fazer. É nisto que eu sou bom e queria trabalhar e ver as pessoas, e ajudar as casas [os bares e clubes]. Houve um sentimento de entreajuda".

André teve direito ao apoio do Estado no entanto o valor atribuído fica aquém das necessidades, contando com a ajuda dos pais para sobreviver.

Señor Pelota, nickname de André Soares, considera que os apoios do Estado também não são "uma história bonita", pois a profissão não é reconhecida pela Autoridade Tributária, não tendo sequer um Código de Atividade Económica (CAE) dedicado à atividade.

"Estou à espera de resposta a dois pedidos de apoio", diz, acrescentando que "sentimos um grande abandono".

Sheri Vari, nome artístico de Mariana Cruz, aguentou "contando os trocos. Felizmente, eu tinha comprado casa há quatro anos e foi adiado o pagamento de empréstimo e não estou a ter essa despesa. Não tenho de pagar mensalmente o crédito - só por isso é que me aguentei" e, sentindo-se "mais desligada", "tento manter-me positiva para quando isto abrir, e ter alguma coisa para mostrar quando isso acontecer. Há dias mais complicados, outros não, mas tento ter esperanças em que consiga continuar a ter este trabalho, porque, na verdade, é aquilo que sei fazer mesmo bem" pois "a música para mim é tudo - o primeiro canal da minha felicidade são os meus discos".

Para além deste profissionais, são inúmeros aqueles que lutam, dia após dia, por sobreviver a esta crise.

No meio desta pandemia, surgiu o movimento PisoJusto com vista a analisar o cenário laboral dos DJ em Portugal. Segundo o movimento "é um setor ainda muito informal, em que muita coisa acontece por fora e não é estruturado. O que vai acontecer quando tudo isto voltar?"

O PisoJusto está a divulgar um formulário em que aborda, para além de questões laborais, questões sociais, tais como o género, a etnia ou a idade, para poder traçar um cenário do DJ em Portugal.


Sandra Santos


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