Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira, Penacova e Mealhada assinam memorando de entendimento para a criação de um Geopark
Seis municípios da região Centro assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de criar o Geopark Atlântico, que poderá levar uma década a estar concluído. A cerimónia decorreu ontem no Cabo Mondego.
Segundo Mário Fidalgo, da Associação de Desenvolvimento Local Adelo, que coordena o processo com os municípios da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira, Penacova e Mealhada "o que está aqui é o princípio de muito trabalho, um processo de uma década. Temos um património geológico de relevo internacional, temos recursos já instalados nos diversos municípios,temos as pessoas e temos uma riqueza cultural e gastronómica que nos permite pôr tudo num quadro de referência que é o Geopark", para além disso, "um Geopark não é um parque de diversões fechado, que tenha uma cancela e uma entrada ou uma saída. Não, é um território e coesão territorial é isto".
Helena Henriques, diretora do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, salientou que "se há conceito que converge com o de coesão territorial, é o conceito de Geopark. Para ser reconhecido tem de obedecer a muitos requisitos, o selo UNESCO é muito valioso, desde logo tem de ter património geológico de relevância internacional” e "têm de ser locais que demonstrem com clareza a outras pessoas, que não apenas aos geólogos, pedaços da história da Terra. É muito feliz a circunstância do nosso país, quando fazemos a secção Este-Oeste, conseguimos percorrer 500 milhões da história da Terra. Isto é extraordinário para um território tão pequeno, é raro".
Acerca do memorando de entendimento, Helena Henriques realçou que "está tudo por fazer em termos de candidatura" ao selo da UNESCO, um processo que pode demorar até quatro anos. A "candidatura tem de emergir da vontade local, há 30 anos que ando a dizer que isto é espetacular e ninguém me leva a sério. Têm de ser as comunidades locais a entenderem que a sua identidade cultural está totalmente enraizada no terreno que pisam". "Agora é preciso tudo o resto, é pegar nos locais com interesse geológico, identificá-los, avaliá-los, preservá-los e valorizá-los".
Carlos Monteiro, presidente da autarquia da Figueira da Foz, destacou o espaço "ímpar" do Cabo Mondego, em termos geológicos e paisagísticos, definindo-o como "uma das conquistas mais importantes para o concelho nestes últimos anos" pois "as rochas da região são bem expostas ao longo da costa, o património arqueológico e cultural e a biodiversidade enriquecem a região, tornando-a numa sala de aula global. É um catálogo vivo".
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, ao encerrar a sessão, lembrou que a Figueira da Foz "iniciou o processo [do Geopark] e depois soube fazer o abraço ao território, abraçou os seus vizinhos neste projeto" e que "em conjunto podemos não ir mais rápido, mas chegamos a melhor porto. É um compromisso muito sério, obriga a região a trabalhar em conjunto. Mas nunca será uma verdadeira candidatura se as gentes desta região não a assumirem como dela".
Sandra Santos
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